EXTINÇÃO NATURA IN LOVE

EXTINÇÃO NATURA IN LOVE

Para Jenyffer Lisboa Coelho 

PERSONAGENS
Menina
Menino
Flor (boneco falante)
Planta (boneco mudo)

(o Menino está guardando algo com muito cuidado dentro de um baú; a Menina entra e o Menino desesperado tranca o baú com muitos cadeados)

MENINA
O que você está escondendo aí?

MENINO
Não tô escondendo nada.

MENINA
Tá sim porque eu não sou idiota. Precisa de tanto cadeado assim?

MENINO
Não é pro seu bico, enxerida!

MENINA
O que você guardou? Me conta! Eu odeio ficar curiosa com as coisas.

MENINO
É muito perigoso. Eu não posso nem contar porque eu tenho medo que isso tudo se acabe e que todo mundo pegue fogo e que todo mundo morra e depois fim!

MENINA
Credo. É bomba?

MENINO
Claro que não.

MENINA
Então é o quê? Me fala, por favor! Eu sei guardar segredos.

MENINO
Menina, eu estou falando bastante sério. É questão de vida ou extinção! Enquanto eu não conseguir encontrar um mecanismo de defesa que possa torná-la forte, resistente, eu não posso deixar ela livre. E é melhor que ninguém saiba da existência dela.

MENINA
Ela quem? É uma pessoa aí dentro?

MENINO
E cabe uma pessoa aqui dentro? Lógico que não é uma pessoa!

MENINA
Me fala! Eu vou insistir até a morte! Pode falar! Pode falar!

MENINO
Garota, com toda educação do mundo. Sai daqui! Eu não vou falar! É de responsabilidade minha e eu não vou falar.

MENINA
Então eu também não vou te mostrar o que tem no meu baú. (sai e volta com um baú igual) Porque eu também tenho um baú e eu também tenho segredos importantes.

MENINO
Ah, agora que você falou você vai ter que falar! Eu odeio ficar curioso!

MENINA
Eu falo se você falar.

MENINO
Mas você é folgada mesmo, hein!

MENINA
Eu? Se liga, moleque! Fala logo! Para de frescura!

MENINO
Você fala primeiro então.

MENINA
E eu sou trouxa? Se eu falo depois você não fala. Pode falar!

MENINO
E se eu falo e depois não tem nada no seu baú?

MENINA
Tem. Eu tô te falando que tem! E é importante também porque isso aqui pode ajudar a exterminar, detetizar a vida, pra que nada precise se acabar e nem todo mundo pegar fogo e nem todo mundo morrer. É tipo uma arma. Olha, eu já te dei uma dica. É tipo uma arma.

MENINO
Uma arma? Uma arma de que tipo? Revólver? Faca?

MENINA
Não! É uma arma branca, natural. Agora você. Pode falar o que é o seu primeiro.

MENINO
Então eu também vou dar dicas. Pra ficar mais legal.

MENINA
Tudo bem. Vai.

MENINO
Hum... Bom, é vermelho.

MENINA
Batom!

MENINO
Não.

MENINA
Maçã!

MENINO
Não.

MENINA
Morango!

MENINO
Não.

MENINA
Sorvete de morango!

MENINO
Não.

MENINA
Um coração de algum animal abatido sem sofrimento!

MENINO
Não.

MENINA
Uma melancia. Por dentro!

MENINO
Tá perto. É um negócio natural.

MENINA
Ai, meu deus... Eu tô nervosa... Tudo é um negócio natural...

MENINO
Agora você dá mais dicas do seu. Vai.

MENINA
Tá bom. Hum... Deixa eu pensar. (pausa) Nasce na terra!

MENINO
Um tipo de arma que nasce na terra?

MENINA
Sim. É um tipo de arma que nasce na terra, mais precisamente uma arma para o sistema imunológico, uma arma de defesa.

MENINO
Hum... Meu deus! Que difícil. Tipo um escudo?

MENINA
Mais ou menos. Mais pro ataque mesmo. Agora você.

MENINO
Bom, o meu segredo é frágil. Muito frágil. E tem uma beleza. Cheira.

MENINA
Como assim “cheira”?

MENINO
Cheira gostoso, cheira carinho. Por isso que é perigoso. Por ser tão cheirosa, tão apreciada, ela está quase entrando em extinção. As pessoas usam pra fazer perfume, é um absurdo!

MENINA
Usam pra fazer perfume, vermelho...

MENINO
Ah! E ela nasce na terra também.

MENINA
Nasce na terra...

MENINO
E fala!

MENINA
Fala? Nasce na terra e fala?

MENINO
Exatamente. Vai, você.

MENINA
Ah, meu deus! Nossos segredos são a mesma coisa, menino! Nossos segredos são a mesma coisa!

MENINO
O que?

MENINA
(cantarola) Eu já sei o seu segredo e você não sabe o meu. Ai, eu adoro isso!

MENINO
O que que é então? Você nem sabe nada.

MENINA
Sei sim. Sei o que é.

MENINO
E o que é? Fala.

MENINA
Se eu falar você vai descobrir o meu porque os nossos segredos são iguais, mas talvez um pouco diferente. Mas são praticamente primos, eu acho.

MENINO
Primos? Pode falar, caramba! Eu vou ficar bravo com você!

MENINA
Vou dar mais uma dica. Meu segredo não fala, mas olha.

MENINO
Olha? Como assim olha?

MENINA
Ele olha.

MENINO
Uma arma que olha?

MENINA
Não é uma arma literalmente, você ficou preso no negócio de arma! Nasce na terra e enxerga e pode ser usado pra se defender.

MENINO
Uma câmera fotográfica?

MENINA
Não! Câmera fotográfica nasce em terra agora? (pausa)

MENINO
Ai, meu deus. Que raiva!

MENINA
Vai, tá fácil.

MENINO
Ai, chega! Você já descobriu. Já pode falar.

MENINA
Tá bom. O seu é uma flor, não é? Seu segredo é uma flor, não é?

MENINO
Acertô, miserávi! Ah, sua sem graça! É uma flor sim! Uma das últimas que sobreviveu. Não conta pra ninguém, pelo amor de deus. Ela é linda.

MENINA
Não vou contar.

MENINO
Então quer dizer que o seu segredo...

MENINA
Meu segredo também é uma flor. Uma planta, na verdade. Não é cheirosa e nem carinhosa. É uma planta.

MENINO
Jura? Uma planta de que tipo? Mas peraí, o que planta tem a ver com arma?

MENINA
É uma planta venenosa, mas é um amor.

MENINO
Nossa. Jura? Que interessante. Muito interessante. Mas, menina, por que você carrega pra cima e pra baixo uma planta venenosa dessa, sua louca? Não é perigoso?

MENINA
Proteção. É o meu sistema de defesa. Eu uso os espinhos em caso de perigo. E eu tenho sempre um bom contato com a natureza. Eles costumam me amar.

MENINO
Interessante. Muitíssimo interessante. Seu segredo é muito interessante.

MENINA
Vamo mostrar um pro outro?

MENINO
O que?

MENINA
Eu mostro o meu segredo e você mostra o seu?

MENINA
Safada!

MENINA
O que tem? Vai ficar trancafiado à sete chaves pro resto da vida, vai morrer sem respirar.

MENINO
E não é perigoso expor a sua?

MENINA
Sabendo manusear, não. Eu te mostro como faz, não se preocupe.

(a Menina se prepara para abrir o baú; o Menino faz o mesmo)

MENINO
Eu fico nervoso. E se alguém ver.

MENINA
Se alguém ver a gente esconde de novo. Não encare muito ela nos olhos, ela não gosta muito que fique encarando.

MENINO
E tente ser agradável com a minha, porque ela é bastante frágil.

MENINA
Tentarei.

(com uma música de magia os dois tiram as suas plantas ao mesmo tempo; as plantas são fantoches, a flor vermelha com boca e a planta venenosa com olhos)

MENINO
Oi, Flor. Desculpe por...

FLOR
Filha da puta! Se me acordar de repente de novo desse jeito eu vou fazer macumba pro diabo comer o rabo da sua mãe, seu viado morfético. Lazarento, ordinário...

MENINO
Tenha mais educação, querida, nós temos companhia.

FLOR
Educação é a porra do caralho do meu cu, mocorongo filho de uma égua, cheio de contemporâneo aqui, vocês – que eu tava sonhando gostoso –, cheio de sarna dos caralho, dos fedor de artista – sonho dos fudidos mesmo e vocês... – cheio tudo de vagabundo morfético – tudo vagabundo, tudo vagabundo! Seu bosta. O politicamente correto está fudendo a sociedade! Fudendo! Mundo chato! Mundo chato pra caralho! Eu odeio vocês seres humanos! Fedorentos! Fedem à merda!

MENINO
Calma, fique calma, querida.

FLOR
O que é que está acontecendo nessa buceta de situação de tão importante pra precisar me expôr? Frágil, sem proteção, em perigo. Alguém pode me falar? Quem é que tá aí?

MENINO
É uma amiga que queria te conhecer.

FLOR
Amiga mulher? O que é que quer essa porra?

MENINA
Oi, Flor. Prazer. É uma honra. Eu sempre quis...

FLOR
Vadia. O que você quer?

MENINA
Ah!

MENINO
Tenha sororidade, Flor. Por favor.

FLOR
Meus ovo. Quem mais que tá aí que eu tô percebendo outro ser vivo. É como se eu me sentisse observada, vocês sentem isso? Vocês sentem? Hein? Hein? Sentem? Alguém observando. Fede. Vocês fedem.

MENINA
É a minha Planta.

FLOR
O que? Uma espécime? Um parente? Quem é que tá aí? Quem é que tá aí?

MENINO
Ela falou que acha que vocês são primos.

MENINA
Talvez...

FLOR
Primos? Ah, se for a Jéssica. Eu mato a Jéssica! A Jéssica é uma lazarenta apta de reproduções homoafetivas entre abelhas com o pólen dela! Com o o pólen dela e homossexual! Dá pra acreditar? É uma sodomita! É a Jéssica? Se for a Jéssica taca fogo nela, garoto! Taca fogo porque eu já tentei matar ela afogada, mas ela não morre porque ela é a porra de uma planta hidropônica e transgênero! Onde já se viu um troço desse!

MENINA
Amor, você conhece ela?

FLOR
Fala, Jéssica! Fala na minha cara!

(a Planta faz que não)

MENINA
Ela disse que não conhece você.

FLOR
Por que ela não fala de uma vez?

MENINA
Ela é muda. Ela só tem olhos.

FLOR
Fala pra mim que raça que essa vagabunda é? Fala logo! Se fosse a Jéssica ela não iria assumir que é ela mesma se ela estivesse na minha frente.

MENINA
Minha planta é um Olho de Boneca do sexo masculino.

FLOR
Um Olho de Boneca do sexo masculino? Olhos de Boneca são plantas venenosas, garota!

MENINA
Exatamente.

FLOR
E ainda masculino! Uma planta Olho de Boneca e homem! Meu deus do céu! Você é louca de carregar um troço desses, mulher! Nada do sexo masculino pode se confiar muito, sua burra, ignorante.

(pausa)

MENINA
Eu nunca tinha olhado por esse lado.

MENINO
Olha a misandria!

MENINA
Eu sei o quanto é perigoso, mas é bem por isso que eu o capturei. Porque ele me faz proteção com seu veneno. E ele está comigo também porque gosta. Não é verdade, meu amorzinho? Você está comigo pra me proteger, não é não?

(a Planta faz que sim mais ou menos)

FLOR
O que ela respondeu?

MENINO
Que mais ou menos.

FLOR
(gargalha) Trouxa. Amor é coisa de cinema, garota! Há interesses. Nem que não sejam interesses sexuais, mas sempre há interesses. E se for sexual, é só sexo. Amor é romântizar o gozo ou o interesse.

MENINA
Nossa, como você é pra baixo. Deus me livre.

FLOR
E você é galinha! Para pra conversar e já troca figurinha com o primeiro cara que aparece na frente. Vadia. Toda arregaçada.

MENINA
E daí? E se eu fosse arregaçada mesmo?

FLOR
Ah, lá! Assumiu.

MENINA
(se irrita chateada) Eu não sou sua inimiga, cara! Não precisa falar assim comigo! Para de falar assim com as pessoas!

MENINO
Calma. Eu pedi pra você ser agradável com ela, por favor...

MENINA
Agradável? Ela é uma grossa boca suja e eu tenho que ser agradável? Puta flor chata.

FLOR
Chata é a vaca da sua mãe e o corno do seu pai. Ô, prostituta! Feministinha sodomita de merda.

MENINA
Você é a flor mais mal educada que eu já vi na vida! Tinha que ser extinta mesmo! Pra largar mão de ser trouxa!

FLOR
Me segura que eu vou matar essa menina! Me segura! Não tem graça usar a extinção da minha espécie como piada, sua bosta de cavalo! Você não tem coração? Eu estou na merda. Eu sou a última da minha espécie! Tenha um pouco mais de compaixão com essa tragédia global da natureza.

MENINA
Tragédia ou seleção natural?

FLOR
(avança) Olha aqui, sua...!

MENINO
Espere um pouco. Parem de brigar. Eu tive uma ideia genial!

MENINA
Que ideia? Adoro ideias!

FLOR
“Adoro ideias”. Quer dar. Certeza. É uma vagabunda mesmo.

MENINA
Para de me encher! Eu não quero dar!

MENINO
Parem vocês duas! Chega! Eu sei como resolver a extinção de uma espécie frágil como a sua flor.

FLOR
Como? Me fala, bosta. Me fala, que é urgência sobreviver o legado. Quero deixar filhos e netos para o mundo, e lhes ensinar sobre as coisas da vida e lhes mostrar a forma como eu vejo o mundo. Todo cagado e com muita gente insuportável. Fala aí, caralho. Como é que você vai salvar a porra do meu legado, viado?

MENINO
Procriação artificial.

FLOR
O que?

MENINA
Como assim procriação artificial?

MENINO
Misturar a natureza artificialmente.

FLOR
Calma...

MENINO
Ao mesmo tempo que naturalmente, porque tudo é natural se existe.

MENINA
Eu não tô entendendo...

MENINO
Feitiçaria...

FLOR
Peraí...

MENINO
Alquimia!

MENINA
Mas...

FLOR
Não!

MENINO
Drogarias! Drogarias! Drogarias! Continuar a espécie naturalmente, porém de forma artificial. E com melhorias para a espécie, evolução, super evolução. X-Flower! Imaginem comigo. Imaginem uma flor, linda como você é, Flor, encorpada e cheirosa...

MENINA
Estúpida.

FLOR
Olha, eu vou falar pra você quem é estúpida. Eu...

MENINO
Estúpida às vezes sim, mas muito carinhosa também quando quer.

FLOR
Eu não tenho papas na língua, esse é o meu defeito. Meu cu pra todo mundo!

MENINO
Imaginem, imaginem! E além de tudo isso, linda, cheirosa, encorpada, carinhosa às vezes e... venenosa. Com espinhos. Imaginem só como seria. Essa espécie seria venerada e temida na mesma medida e jamais entraria em extinção. Porque saberia se defender e saberia ser exposição. E saberia cuidar de si mesma e ao mesmo tempo cuidar da beleza própria. Vai fazer perfume de você? Mas quem usar o perfume morre envenenado! Pronto e acabou. Porque a sua beleza é pra ser amada e não colhida. Amor não tem a ver com posse, tem a ver com observação, apreciação. O poder impõe ordem! O poder e a beleza dominariam o mundo.

(silêncio)

MENINA
Tá, mas eu não entendi nadinha de nada.

MENINO
Vocês duas. Vocês agora vão ter que trepar.

FLOR
O que?

(a Planta Venenosa se esconde nos braços da Menina)

MENINA
Calma, você tá falando de...

MENINO
Sim, a mistura das duas genéticas criará uma nova espécie. Linda e venenosa. Natura in Love.

FLOR
Você quer que eu trepe com essa coisa venenosa pela continuação da espécie?

MENINO
É assim que é, não é? É assim que é ou não é assim que é?

FLOR
É, mas é que eu odeio negócio arranjado. Soa artificial. Mas por mim tá bom. Já que você insiste...

MENINO
Ótimo! Vamos começar então.

MENINA
Acho que o meu menino ficou com vergonha.

(a Planta está tremendo e fazendo sinal de “não” com a cabeça)

MENINO
Ih, o macho vai arregar, então?

FLOR
O que é isso? Que despautério! Como não vai querer? Fui oferecida, agora vai ter que querer sim! Pelo bem das espécies. Vai! Pode vir!

MENINO
Será que ele é gay?

MENINA
Eu acho que é melhor a gente respeitar as escolhas dele. Ele não parece muito confortável com a situação. Ele parece estar com bastante medo que isso aconteça, na verdade.

FLOR
Ô, seu filho da puta, pra sua informação as pessoas me queriam tanto que elas queriam passar o meu perfume nos seus corpos, ouviu? Você não tá ligado de quem eu sou pra você ficar fazendo esse cu doce. Pode parar de gracinha e vamo ali fora pra gente trocar uns pólens. Vem plantar sua sementinha em mim, vem, Olhinhos de Bonequinha.

(a Planta faz que não desesperadamente, implorando)

MENINA
É pelo bem das espécies, amor. É tanto sacrifício assim? É só uma trepadinha. Pelo bem da natureza.

(a Planta arruma uma caneta e um papel; escreve:)

MENINA
(lendo) “Imagina... uma... planta... como... ela... com o meu... poder... de... morte. Nossos... filhos... (pausa) Nossos filhos seriam monstros.” Ele tem razão. Ele me convenceu. Confio na preocupação dele.

FLOR
O que? O que ele tá querendo dizer? Que eu sou uma planta ruim?

MENINO
Não, querida, ele só quis dizer que...

MENINA
É isso mesmo! Você é grossa e odeia as coisas. Você é só bonita, porque de resto é uma porcaria, machista, homofóbica e preconceituosa. (ela abraça a Planta) Eu não vou deixar eles te estuprarem, amor.

FLOR
Isso é inveja porque eu sou linda e maravilhosa e vocês são um bando de pé rapados filhos de uma puta mal comida. Bando de vagabundos, desalmados, esses seres humanos e esses venenosos Olhos de Boneca da puta que o pariu! Não quer comer não coma, não quer me apreciar não aprecie. Também não quero mais dar! Mas sintam o peso da culpa da minha extinção. Do final de uma beleza que não tem com o que comparar de tão perfeita e linda que é. Que eu sou. Rara. Se eu sou preconceituosa é porque vocês dão motivo pra que eu seja. Vocês são o meteoro e eu sou os dinossauros.

(silêncio; o Menino e a Menina guardam suas plantas em seus baús coreografadamente)

MENINA
Bom, a gente tentou.

MENINO
Pena que ele não quis. É uma pena a extinção.

MENINA
Talvez seja uma coisa natural. Eu acredito que deve continuar aquilo que acredita in Love. Sua Flor é muito negativa. É bonita, mas é negativa.

MENINO
Quem decide o que continua e o que deixa de continuar?

MENINA
Quem decide eu não sei. Mas se foi assim que aconteceu, foi naturalmente que aconteceu. Porque tudo o que existe deve de ser considerado natural se existe. Tem que ter um lado positivo no negativo. Alguma coisa vai ter que dar certo no final.

MENINO
Ou simplesmente ordinário.

MENINA
Ou simplesmente ordinário.

MENINO
Obrigado pelo seu segredo.

MENINA
Obrigada pelo seu segredo.

(eles vão se cumprimentar com um abraço, mas se atrapalham; dão as mãos; eles ficam um pouco constrangidos)

MENINO
A gente podia se beijar agora.

MENINA
Melhor não.

MENINO
Então tá bom.

(cada um sai com seu baú para um lado do palco)


FIM




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