OS MALEFÍCIOS DA MACONHA

OS MALEFÍCIOS DA MACONHA

MONÓLOGO INSPIRADO NA OBRA "OS MALEFÍCIOS DO TABACO" DE TCHEKHÓV. É UMA RELEITURA PARA O NOVO MILÊNIO. ADAPTAÇÃO POR GABRIEL TONIN.

CENA 1

(o Artista introduz o espetáculo através de uma dança; na dança ele prepara uma bebida com algumas remédios e drogas legais e/ou ilegais, bebidas, carne e chocolate; enche o copo de tabaco tbm; ao final da música ele bebe tudo de golão e mostra uma camiseta do Superman, por baixo do terno de palestrante)

NIKLAND (meio hipster/nerd pobre, com bigode, jovem velho e coçado) – Minhas senhoras e, de certo modo, meus senhores. Pediram pro meu companheiro que eu viesse aqui fazer uma conferência, palestra, para fins beneficientes, sobre um assunto qualquer. Eu pensei. Oras, vejamos, vós. Por que não fazê-la? Se é preciso uma conferência, façamos então uma conferência; a mim é-me absolutamente indiferente. (arrota debochando) Bem... para dizer a verdade, eu não sou propriamente um professor, e nem sequer estou munido de qualquer título acadêmico ou científico: pois apesar disso, há vinte anos que ininterruptamente, e posso mesmo acrescentar que em detrimento da minha saúde e de outras coisas semelhantes, eu trabalho em assuntos de natureza estritamente científica. Dou tratos aos miolos quando, às vezes, - imaginem Vossas Excelências! – tenho de escrever artigos científicos ou... talvez muito pouco científicos - é que tamo chegando numa proposta que se aproxima ao sobrenatural, mas que, vá lá, têm um certo ar científico. É doido. E a liberdade da ciência e poesia permite tudo. Sim, tudo. Tudo, tudo. Um cara que fala "pobrema", por exemplo, se ele escrever um livro, mesmo escrevendo errado, se ele consegue se expressar com o que tem, esse detalhe de merda desmerece o trabalho do cara? Alguém é mais ou menos artista que alguém? Arte é se expressar o mundo com o que você tem. Qualquer um sim! Qualquer coisa sim! Perdoem-me. Cabeça de quem pegou a infância ainda se reclamando do tabaco no século XX, e viu a virada do milênio achando que os sonhos se realizam. Bem eles se realizam. É sério. Todos os meus sonhos de chapado eu realizei. Mas é que... As coisas... (pausa) Todo mundo sabe... Todo mundo sabe...

(depois de um tempo de silêncio refletindo, Nikland dorme; acorda logo em seguida e continua)

NIKLAND
Nestes últimos dias, precisamente, escrevi entre outros um artigo considerável inspirado na obra de outro artista ainda - porque hashtag nada se cria tudo se copia - sob o título de: "Dos efeitos maléficos dos insetos e pestes domésticas". Eu tenho uma facilidade em focar nos malefícios das coisas. Este artigo agradou muito às minhas filhas, sobretudo na parte que se relacionava com os sapos.  Pois bem, eu, depois de o ter lido rasguei-o, mesmo meu orgulho dizendo que aquilo podia de ser muito importante pra alguém por mais avulso que possa parecer. De fato, por mais que eu dissesse e escrevesse, nem por isso se dispensaria os dias que a varanda da nossa casa fica e o Hostel cheio de sapo querendo pular pra dentro. Porque tenho um lago na nossa propriedade. Uma vez minha filha achou um sapo dentro do piano, mano! Eu juro pra você.

(silêncio; ele para pra pensar e finge esquecer o texto; pega sua cola de palestrante em algum lugar e relembra)

NIKLAND
Pois bem que eu escolhi para tema da minha conferência de hoje, se assim lhe podemos chamar, o prejuízo que traz à humanidade o uso e abuso daquela erva que todo mundo sabe qual é mas que é melhor não falar muito alto, né? Eu me inspirei no texto do Tcheckhóv, "Os Malefícios do Tabaco", mas como todo mundo tá super tranquilo quanto à esse tema, hoje você compra tabaco em qualquer lugar, nossa uau, achei necessário fazer umas adaptações pros dias modernos por obviedade, porque enquanto naquele tempo o tabu devia de estar no lance do tabaco, ou do café, ou da cerveja, hoje o tabu tá na maconha, né? Mais que justo. Pois bem. Quanto a mim, devo confessá-lo, sou um maconheiro do tipo nóia. Sou. Confesso. Se eu não fumo eu fico chato. Eu não poderia ter entrado aqui sem ter fumando um antes. Mas meu companheiro, meu marido ordenou-me que falasse hoje dos malefícios da maconha porque é uma coisa que você pode levar pras escolas e falar sobre os malefícios da maconha pros jovens, dá pra ganhar um dinheirinho, no estilo PROERD, manja? Pode ser uma forma de educar uma geração a não querer se drogar, ficar doidão, como a gente mesmo é. Mas não sejamos hipócritas não é mesmo - eita que eu acho que aquela bebida tá fazendo efeito - , e não tenho por isso outro remédio senão obedecer o meu marido porque papai me deixa de castigo sim se ele fica bravinho. Não contem pra ele que eu falei desse jeito. Já que é preciso falar de maconha, falemos então de maconha. Para mim é absolutamente indiferente; e eu convido Vossas Excelências, minhas senhoras e, claro, também os senhores, a escutar a minha conferência com toda a gravidade requerida para evitar qualquer sensaboria com alguma confusão no que os senhores acharam que iria acontecer aqui hoje. Faz de conta que eu sou do PROERD mesmo. E aquelas pessoas a quem mete medo uma conferência séria, digamos mesmo científica e com liberdade artística, com gente pelada ou não, têm inteira pra si a mesma liberdade de não escutar... ou de sair sem pagar.

(ajeita o terno esperando alguém sair; pode até abrir as portas, caso haja alguém interessado em sair ou não)

NIKLAND
Pois certo. Todo mundo sabe. Peço, sobretudo, a atenção dos senhores doutores aqui presentes. Eles poderão encontrar na minha conferência numerosos ensinamentos úteis, porque a maconha, à margem dos seus efeitos nocivos, é muito empregado em medicina. Pára, que não foi a primeira vez que cê ouviu isso, né, baby? Assim, por exemplo, se metermos uma mosca dentro de uma tabaqueira, ela morre, aparentemente por desarranjo nervoso, isso é claro... Mas a maconha é, para falar corretamente... como eu posso dizer pra vocês? A maconha nada mais é, ué, não tem o que falar. A maconha é só mais uma planta...

(silêncio; ele pisca o olho direito estranhamente)

NIKLAND
Quando faço uma conferência pisco ordinariamente o olho direito, mas Vossas Excelências não façam caso: é efeito da emoção. Eu sou, duma maneira geral, um homem muito nervoso. A maconha. Faz. Tem um pouco dos malefícios aí. Mas... O meu olho direito começou a piscar em 2013, no dia 13 de Setembro, exatamente no dia em que, por assim dizer, o juiz autorizou a adoção das nossas três filhas. Todas meninas, três irmãs... E o mais curioso de tudo é que as três meninas nasceram da mesma mãe, óbvio, já que são irmãs... que faleceu no parto da última, e todas elas, todas as minhas filhas nasceram em dias 13. É verdade. Tá na cara que eu sou petralha, não é mesmo? Assumo, ué. Eu capitei o sinal, mano. Mas de resto (tira e consulta o relógio pelo celular) dado o pouco tempo de que dispomos, não nos afastemos do tema da nossa conferência. Maconha.

(fica um tempo em silêncio, chapado)

NIKLAND
Devo em todo o caso dizer a Vossas Excelências que o meu marido tem uma escola de música e um pensionato particular, ou, talvez mais exatamente, não é bem um pensionato, mas qualquer coisa no gênero, um hostel, dizendo com as palavras de hoje. Aqui para nós, o meu marido gosta de apregoar aos quatro ventos que a gente é pobre, mas a verdade é que ele conseguiu pôr uns dinheiros de lado – uns quarenta ou mesmo uns cinquenta mil reais. Alguns dirão que não é nada. Eu digo, bem... fico tranquilo; eu, pessoalmente, é que não tenho um tostão no bolso porque essas coisas aqui eu não consigo fazer virar muito bem, e aí não tem renda além do mero prazer. Além do dinheiro que gira entre investimentos e gastos e o lucro. Mas deixemos isso... No hostel do meu marido sou eu o encarregado da administração. Faço as provisões, fiscalizo o pessoal, assento as despesas, tomo conta da escrita, tiro os sapos, passeio com o Ryan Murphy, o cãozinho do meu marido... Ontem à tarde, por exemplo, eu devia entregar à cozinheira material pra se fazer uma lasanha vegana, porque se tinha decidido que no hostel, quem quisesse comer ia seguir as normas da casa e ninguém coloca carne na boca dentro da nossa morada. Pois muito bem! Imaginem Vossas Excelências que hoje, quando a lasanha estava na mesa, o meu marido veio à cozinha anunciar que três pensionistas, não sabiam, mas que precisavam de proteína animal pra sobreviver, meu marido ficou pistola. Fez lasanha demais. Os macho foram pra um restaurante porque não gostam de beringela. Que destino teria toda aquela comida? Oh, deus! O meu marido, primeiro, ordenou que os guardassem na dispensa, para o dia seguinte. Meu marido não é do tipo que requenta as coisas. Ele refletiu longamente e me disse assim sem mais nem menos: "Você que vai comer toda essa lasanha porque essa ideia de vegano foi você que me convenceu por causa dessa maconha, seu moleque!". Saiu e bateu a porta. Dormiu no quarto com as meninas. Quando não está de bom humor, meu marido me chama de espantalho, víbora, pervertido, desajustado, infantil e demônio... Demônio, eu? Calculem Vossas Excelências, maconheiro não faz mal pra ninguém! Pelo menos não pretende. Há exceções. Bem, meu marido está sempre de mau humor, mas o amor... Pois quanto à lasanha, não se pode bem dizer que tenha realmente só comido, porque eu devorei, num gole, de tal modo que ando sempre na larica, né, galera! Ontem, por exemplo, meu marido não me deu de jantar... Disse-me assim: "À você, Nikândia, não vale a pena alimentá-lo, não tem janta pra você hoje, ok? Eu vou fazer igual a Sarah Paulson fez com a esposa na última temporada de American Horror Story!" É joguinho, são coisas da idade... insegurança... Eu jogo junto porque... A gente se gosta.

(silêncio; ele reflete mais uma vez chapado)

NIKLAND
Entretanto (consulta novamente o relógio) falando disto e daquilo fomo-nos afastando um pouco do assunto, desculpem... Vamos, pois, prosseguir, ainda que naturalmente, eu esteja convencido que Vossas Excelências haviam de gostar mais de ouvir algum som, ou ter ficado em casa vendo uma série de boa, ou ter gastado com cinema, comida ou outros vícios, enfim. Acho que vocês tem toda razão.

(uma música se inicia; ele vai até um microfone, mas fala sem cantar)

NIKLAND
"Eu sei te enganar assim
Você enxerga o quê ni mim?
Que eu sou tão fingido
Me sinto tão fingido

E eu aposto que a gente aqui
Tá cheio de mentir (ah)
Somos tão fingidos
Me sinto tão fingindo

Eu tenho feito um bom trabalho
Em fazê-los pensar que estou bem
Mas eu espero não piscar
Sabe, isso é fácil quando eu estou acompanhando uma batida aqui em cena
Mas ninguém me vê quando eu rastejo de volta para baixo das cortinas

Ei, se eu sorrir mostrando meus dentes
Aposto que você acreditaria em mim
Se eu sorrir mostrando meus dentes
Será que eu poderia acreditar em mim também?

Oh, por favor, não me pergunte como eu estou
Não me faça fingir
Oh, não, qual é a necessidade?
Oh, por favor, eu aposto que todo mundo aqui é feliz de mentira também

(Versão/tradução/trecho livre da música Fake Happy de Paramore).

NIKLAND
Não me lembro de onde isto é... no folhetinho tem... Entre parêntesis, esqueci-me de dizer a Vossas Excelências que na escola de música do meu marido, além das particularidades domésticas, eu tenho a meu cargo o ensino de poesia, dramaturgia, dança, capoeira, literatura nacional e internacional, música e cultura nacional e internacional, interpretação pro teatrão clássico e também para o teatro moderno, de Broadway à Butoh, japonês, do corpo, etc. Para as danças, o canto e o desenho o meu marido dá uma ajuda também, embora seja eu, igualmente, quem ensina essas matérias. A nossa escola de música fica na  Travessa do Segredo, número 13. Não tô brincando. Olha o 13 aí de novo. A razão da nossa sorte, não há dúvida, é habitarmos no número 13, o contrário do que dizia no original de Tcheckhov. As minhas filhas, como Vossas Excelências já sabem, nasceram todas em dias 13 e a nossa casa tem 13 janelas... a mais velha tem 13 anos. Exatamente no dia que ela fizer 14 a outra vai fazer 13, a do meio. Eu sou muito lulista, é o universo, gente. Hashtag Lula Ladrão roubou meu coração. Mas deixemos isso. Do que a gente tava falando mesmo? Ah! Pois é verdade, a nossa casa tem o número 13. Dizem que é o número do azar. Apesar de que se eu pensar bem eu fui meio cagado nessa vida. Tive um câncer jovem. Quase morri. Tô envelhecendo, casado, tornei-me estúpido - eu acho que eu tô muito chapado... Assim, reparem Vossas Excelências, estou a fazer uma conferência, tenho um ar alegre, e contudo desejaria gritar de desespero e fugir, fugir, fosse lá para onde fosse! E fazer uma dança muito louca nada à ver. E como não tenho ninguém a quem contar as minhas mágoas, até chego a ter vontade de chorar... Eu venho, ué... Aguentando... Já sei o que vão me dizer: "aaah, mas e então, e como fica as suas filhas? Mas as minhas filhas, quando eu me lamento com elas, não fazem outra coisa senão rir de mim, que eu sou muito negativo!... (olha receosamente em direção dos bastidores) Eu amo muito meu marido, é que depois que cê conquista algumas lutas dá uma canseira... eu sou um desgraçado; tornei-me estúpido, nulo, insignificante mas no fundo tendes diante de vós o mais feliz dos pais. Como pai eu me sinto completo. No fundo tem de ser assim e não posso falar de outra maneira. Se ao menos Vossas Excelências pudessem saber... Há dez anos que vivo com esse meu marido, primeiro namorado... e... posso dizer que estes foram os melhores anos da minha vida..., ou, pelo menos, poderiam ter sido os melhores... Apesar de tudo, para falar verdade, esses anos passaram como um instante, um momento feliz – que os leve o diabo de uma vez para sempre!  (Olhando os bastidores). Bom, parece-me que o meu marido ainda não chegou. E como ele ainda cá não está, posso dizer tudo o que eu quiser. Tenho um medo horrível... um medo horrível quando ele olha para mim, e ficar de castigo não é bom pra alma não...

(aproxima-se da boca de cena; em tom de confidência)

NIKLAND
Confio em Vossas Senhorias, viu. Veja só Nos dias de grande festa, os da família que quiserem ver as nossas meninas, é na casa da tia Semionovna Adriana Fátima da Silva. A tia Semionovna Adriana Fátima da Silva, que sofre de reumatismo e síndrome do pânico, e tem um vestido amarelo, salpicado de manchas pretas que parecem baratas, eu não sei porquê eu me importo com isso... Na casa dela eles servem acepipes e ostras no réveillon. A gente sempre passa a virada na casa da tia Semionovna Adriana. E quando o meu marido não está perto, eu sempre consigo um bocadito de whisky de rico a mais, eu já percebi que eu faço isso sem perceber. Lá eu não posso de jeito nenhum fumar meus beck, né? Tenho que dar rolê e pingar colírio. Meu marido fica com o colírio. E tem que dar maior rolê pra poder fumar pra dormir. Meu marido bota medo em todo mundo, não é só em mim, é o jeito dele.

(uma música romântica)

NIKLAND
A gente recorda-se, não se sabe porquê, do tempo em que era novo, antes de começar a namorar, lá na época de comer e dar pra todo mundo do teatro, e só apetece fugir não se sabe para onde... Ah, se Vossas Excelências soubessem como é forte este desejo! (Com paixão). Fugir! Deixar tudo sem olhar para trás! Mas fugir para onde agora? Não importa para onde..., desde que se deixe esta vida estúpida e banal, esta vida medíocre que fez de mim um deplorável pateta, um velho idiota e ridículo e passivo. Não que haja problemas, muito pelo contrário, adoro muito dar a raba, não é esse tipo de passivo que me irrita em ser, é ser passivo na vida social... Todo mundo sabe... Fugir deste mesmo avarento demônio pai das minhas filhas que me martiriza e tortura há dez anos desde que liberaram o casamento entre homens, e que me obriga a vir dar esses tipos de palestras teatrais performáticas modernas! Fugir da música, da cozinha, do dinheiro do meu marido, de todas estas ninharias, de todas estas baixezas... E parar num campo, em qualquer parte, longe, muito longe!... E debaixo de um céu imenso ser como uma árvore, uma vara..., ser como um espantalho de pardais muito bonito porque foi feito com a mão que o artista TINHA..., e ver, toda a noite, por cima de mim, a lua tranquila e clara... E esquecer, esquecer, esquecer... Oh! Como eu desejaria arrancar este terno de merda e mesquinho... (tira violentamente a parte de cima do terno) Ele quem me deu. Dentro de um contexto da qual faço continuamente conferências para fins beneficientes. Toma! (pisa na roupa). Toma! Toma!... Estou velho, sou pobre, sou tão ridículo, tão lamentável como este terno com as suas costas coçadas e luzidias... E essas palavras que eu nem sei o que significam, é porque são linguagens do original, que soa bonito e é gostoso de falar, "costas coçadas e luzidias"... Entendam o contexto! Dantes... dantes, era jovem, inteligente, estudei teatro na USP, sonhava... Julgava-me um homem! Um homem homossexual. Um homem homossexual artista e ativista. Um homem homossexual artista e ativista e maconheiro. Agora só preciso de repouso, das brigas, da perfeição, de ser adulto... Esse espetáculo é em si a minha total evolução, porque e a gente fala sobre o que a gente tem pra falar com os instrumentos que cada um tem. Seja ele bonito ou feio, do padrão. Seja ele aceito ou não pelos irmão.

(depois de olhar para os bastidores, torna a vestir rapidamente a jaqueta).

NIKLAND
O meu marido. Chegou. Tá lá dentro... Já chegou. Tá me esperando. Cacete. (olha o relógio do celular). E a hora já passou! Se ele perguntar alguma coisa, digam-lhe, por favor, digam-lhe que a conferência se realizou tudo bem certinho e que o demoniland – sou eu, o demoniland... – se portou convenientemente e que eu não fumei perto de vocês pra não parecer "faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço"... (olha para os bastidores e baixa a voz). Ele está olhando pra cá... Disfarcem.
(Endireitando-se e elevando a voz; finaliza completamente são e consciente). E visto que a maconha encerra o terrível veneno de que vos acabo de falar, não se deve fumar em caso nenhum e permito-me ter a esperança de que a minha conferência sobre os malefícios da maconha possa, de certo modo, haver trazido a Vossas Excelências qualquer utilidade. Tenho dito. Dixi et animam levivi!
(Saúda e afasta-se majestosamente) Muito Obrigado! Com Vossas licenças. Obrigado.

(fora de cena pode haver por um instante alguma discussão entre duas pessoas tentando ser disfarçada; em meio algumas palavras mais audíveis, termina-se a cena com Nikland tomando uns tapas do marido; black-out)

FIM